domingo, 1 de maio de 2011

À dama dos meus devaneios.

*

Deita, Dinamene minha
Adormece, meiga menina.
Encontra em mim teu bálsamo,
Faz de mim tua redoma,
Sê teus sonhos e delírios
Que eu divago nos teus lábios
De lírios.

- Tarda, amanhece, é dia:
Acordaste Dalila!
Deusa da minha libido,
Déspota dos meus desejos!
Desabrochaste demônia,
Ladra, dama desleal!

Busquei-te, e no desespero de vingar-me
Descobri-te Desdêmona:
Não me deixaste por deboche,
Mas por motivos que eu desconhecia!
Tarde demais, teu corpo indelével
Sob a minha lâmina jazia.
E teu definhar era tão pequeno
Quando comparado ao meu corpo decrépito
Que meu viver desatino
Encontrou o seu destino.

Por fim, tu que fora Dinamene, Dalila e Desdêmona
Era, em verdade, Diotima de Matinea.