quarta-feira, 19 de maio de 2010

Voltem, anos meus!
Que a noite é curta e logo se vai
Que a labuta é árdua e o suor cai
E já não possuo os prazeres seus.

Ah, como eu queria!
Um anoitecer que nunca acaba
Ser poesia na eterna madrugada
E ja não viver durante o dia

Realidade, o que fazes com os teus?
Suga-lhes a alma, amores e anseios
Dá-lhes misérias, culpas e receios!

Sejam rápidos, anos meus!
Que a noite ja está no fim
E a realidade espera por mim.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Certa vez te amei
– Era azul e tão lindo! –
Era parte de mim
Que com o tempo foi sumindo.

Tinha cheiro de café
E gosto do melhor sonho;
Tinha jeito de raio de sol
N’uma manhã gelada de outono.

Às favas com as rimas
Que já não me ocorrem mais.
N’outro dia me serviram um expresso:
Não tinham açúcar, só nostalgia.
E então eu era aquela menina
Sentada no centro da grande cidade;
Os carros corriam, as pessoas corriam
E eu ouvia estrelas sorrindo
N’uma manhã gelada de outono.

Preocupavam-me as coisas do amor
Como vivê-lo,
Como sabê-lo...
Mas as respostas que eu não tinha
Eram, afinal, a essência da pureza.

Bebi das suas palavras como se fossem fontes de vida.
Hoje, tanto tempo depois, descubro:
Talvez realmente o fossem.

Quis saber a cor da saudade
Mas os olhos marejam e a vista embaça
E tudo não passa de um borrão confuso!
Desespero-me:
O tempo de gigantes me consome, a vida passa
E aquele beleza tão ingênua já não me acompanha mais.

Certa vez te amei.
Amor por si só;
Amor sem face, sem toque, sem olhares.
Te amei pelas idéias, pelas palavras;
E não podia ser mais verdadeiro.

Hoje meus tempos são sombrios;
Achei ter esquecido seu encanto,
Mas a lembrança ainda me ocorre
E me traz lágrimas aos olhos
Nessa manhã gelada de outono.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cantiga de Amigo*

Lua que de tão longe alumia
Vá-te embora, venha o dia
Que essa noite meu coração partia
Se somente cedo meu amigo via

Lua que de tão longe alumia
Nunca disseste que tão grande amor aqui cabia
Nunca disseste que mata a nostalgia
Se somente cedo meu amigo via

Lua que de tão longe alumia
Roga aos céus e à ventania
Que a aurora não sê tardia
Se somente cedo meu amigo via

Lua que de tão longe alumia
Se pudesse, já em meu leito dormia
Mas a noite nunca findaria
se somente cedo meu amigo via.





(*Em tempo! Estava cá eu a estudar trovadorismo e me ocorreu que a melhor maneira de lembrar das características dessa escola literária seria se eu compusesse algo no estilo!
Bem, então aí está uma Canção de Amigo, onde eu coloquei tudo que me vinha à memória:

~ Eu lírico Feminino
~ Iniciante nas descobertas do amor
~ Marcas fortes de oralidade (paralelismo, refrão, repetição, whatever)
~ Ambientação simples, oposta à cortês da "canção de amor"
~ Declarar a saudade do amigo (que apesar da palavra, era como se referiam aos seus amados)

sábado, 17 de abril de 2010

Estou à procura
De uma dose de loucura,
De um pouco de doçura,
Do que me ofereça a cura
Dessa vida de censura
E o fim dessa procura
Que minha essência tortura
É seu lábio que me jura,
Seu olhar que me assegura
Um amor que a eternidade dura.