I
Eu vou me dobrar
Até me tornar
Uma massa diminuta
Que você possa usar
Pilhar
E maltratar.
Vou bendizer seu nome
Nas esquinas onde os meus
Caem mortos de fome.
Preencher meu corpo
Com os árduos adornos
Que me fizeste comprar
E pagar
Ao derramar meu sangue.
Vou cantar a nova liberdade
Que as suas correntes me dão;
Agradecer as felicidades
nos canais da TV,
no pão que me deste
– e basta – pra sobreviver
Vou louvar os deuses
Que você me ensinou a amar
A respeitar
E obedecer
Sem ver
Só crer.
E quem sabe assim,
Quando minha alma faminta
Desistir desse corpo lustroso,
Eu possa me tornar
A peça perfeita;
O peão honorável
Daquele jogo de enganos,
De tantos mortos,
Tantos tiranos,
De sonhos perdidos,
Futuros rasgados
E corpos dilascerados.
sábado, 24 de janeiro de 2009
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