O som agudo
Cortou o vento
- Tudo é silêncio.
O tapa que atinge a face
Rasga a alma
E não há cura.
A vontade louca
De uma juventude arredia
Já não existe mais
A rebeldia de outrora
Foi aniquilada
Pelos laços matrimoniais.
As ordens que veemente negava
As regras que tanto contestava
Hoje são normais.
A pequena menina
Que guardava em si
O desejo de pertencer ao mundo
Hoje repousa sob um teto
Que nem sequer lhe pertence
Enquanto repreende uma lágrima solitária
Seu canto livre
Tornou-se um soluço
Que vaga perdido na madrugada gélida
Ao passo que um corpo satisfeito
De ter-se fartado no seu
Dorme sem preocupações ao seu lado
Seus anseios e sonhos
Perderam-se no vento
- tornou-se cativa a alma -
Qual pássaro selvagem
Que por suas belas cores e canto
Morre atrás das grades de uma gaiola
A posse sobre seus atos
Que tanto almejara
Está nas mãos de outrem.
Como, meu Deus,
Pode um ser humano achar
Que é dono da vida de alguém?
E que direito tem de roubar
A liberdade
que custara tanto ganhar?
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
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